Apresentação do Dossiê
Imprensa e circulação de ideias - Dezenove: o século do jornal
DOI:
https://doi.org/10.23927/revihgb.v.185.n.495.2024.214Resumo
II – DOSSIÊ
DOSSIER
APRESENTAÇÃO
IMPRENSA E CIRCULAÇÃO DE IDEIAS - DEZENOVE: O SÉCULO DO JORNAL
ISABEL LUSTOSA[1]
Parte dos textos reunidos neste dossiê foi apresentada no “Simpósio internacional Imprensa e circulação de ideias: o jornal e o jornalismo no século XI” realizado na Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa, nos dias 29 e 30 de novembro de 2023. Aquele encontro foi promovido pelo Centro de Humanidades, o CHAM, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Nova de Lisboa no âmbito das atividades do Grupo Pensamento Moderno e Contemporâneo liderado por Luís Crespo de Andrade e ao qual sou vinculada. O simpósio também faz parte das atividades do grupo de pesquisa inscrito no CNPq, “Imprensa e circulação de ideias: o papel dos periódicos nos séculos XIX e XX”. Coordenado por Tania de Luca e Isabel Lustosa, o grupo reúne dezenas de pesquisadores que se dividem em dez linhas de pesquisa que pensam o tema a partir de várias perspectivas e formatos, sempre tendo em conta o caráter periódico dos objetos em estudo e o período abrangido: do século XIX ao final do século XX, quando a sobrevivência do jornal impresso começou a ser posta em dúvida diante do avanço da internet.
O espírito que orientou a formação do grupo instituído em 2016 na Fundação Casa de Rui Barbosa foi o de pensar a imprensa como fator de transformação do mundo em múltiplos aspectos: sociais, culturais e políticos e a refletir como a circulação desses impressos foi fator fundamental na conformação de uma cultura ocidental tal como a conhecemos. A ênfase do simpósio bem como a deste dossiê recai sobre a grande imprensa do século XIX, especificamente a publicada em jornais e revistas diários, semanais ou mensais. Mesmo limitada pelas baixas tiragens, a imprensa das primeiras décadas do século XIX circulou e fez circular ideias e projetos que estavam em debate no mundo naquele período. As transformações técnicas que foram pouco a pouco viabilizando o aumento das tiragens e a evolução dos meios de transporte foram promovendo a integração desse mundo moderno pela universalização de discursos e práticas. Daí as semelhanças culturais entre as elites de vários continentes, visíveis em imagens, perceptíveis em textos e constatáveis igualmente no alcance de avanços técnicos e científicos.
A tradição de pesquisas sobre a história da imprensa no CHAM teve como momento propulsor, o estímulo dado pelo professor Santos Dias a um grupo de alunos. Desse grupo fez parte o atual diretor do CHAM, João Luís Lisboa que proferiu a conferência de abertura em homenagem a seu colega José Augusto dos Santos Alves e parceiro no mesmo grupo. Falecido em 2021, José Augusto dos Santos Alves dedicou-se desde então exclusivamente ao estudo da história da imprensa das primeiras décadas do século XIX. Conferência que, sob a forma de artigo, abre o índice dos textos aqui reunidos onde João Luís Lisboa analisa a vasta e longeva contribuição de Santos Alves de estudos sobre a imprensa oitocentista, em texto de grande amplitude e profundidade, mas também perpassado pela sensibilidade. Segundo título incluído neste dossiê, o texto extraído da conferência proferida por Tania Regina de Luca apresenta reflexão sobre os desafios que uma fonte como a imprensa periódica coloca atualmente para a escrita da História. O texto de Luca ressalta o notável papel das hemerotecas digitais para a renovação dos métodos de pesquisa ao tornarem acessível uma grande quantidade de títulos de jornais e revistas do século XIX e nos convida a refletir acerca das novas possibilidades analíticas abertas por esses recursos.
Além dessas duas conferências, este dossiê reúne artigos que contemplam a imprensa que se fez ao longo do século XIX, cobrindo um leque abrangente de temas: os circuitos comunicacionais na imprensa carioca das primeiras décadas do século XIX; a imprensa humorística das primeiras décadas do XIX em Portugal; dois importantes debates sobre a questão da escravidão no Brasil, um deles envolvendo o uso da caricatura; a primeira crítica de teatro e a imprensa francesa durante o reinado de D. Pedro I; a circulação internacional e as imitações das revistas de moda francesas; o lugar da moda na escrita jornalística de Julia Lopes de Almeida e a discursão na imprensa sobre os usos do português dos dois lados do Atlântico. Complementam este dossiê as resenhas de dois importantes e recentes livros publicados no Brasil sobre a história da nossa imprensa.
[1] CHAM/Universidade Nova de Lisboa – IESP/UERJ – IHGB. E-mail: isabellustosa@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2456-6925.
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